SAÚDE E CRENÇA

SAÚDE E CRENÇA

 

Estive sentado e em fila,

À procura da pródiga saúde,

Mas se o corpo quer a pilha,

Os poemas só querem virtude.

 

Há quem pense em sofrimento,

E há quem busque pela coragem,

Pois os dias se vão ao vento,

Porque a história é a viagem.

 

Conversas em roda de espera,

Sempre falam de dor e alegria,

Mas também faz de nós a fera,

Ou viveiro que nutre a Bahia.

 

Nas andanças por ruas e becos,

Me lancei em terreiros e sítios,

Mas também comprei amuletos,

Pra poder enfrentar os malditos.

 

Nas ladeiras de São Salvador,

Se tem reza alguém se ajoelha,

E os degraus falam do pudor,

Até quando o sol nos destelha.

 

Foi do alto de cada colina,

Que o mar me mostrou a baía.

Onde fé que me guia e domina,

Me levou ao xirê noite e dia.

 

Com a crença na vida eterna,

E o espírito marcado de axé,

Meu Ogum me guia sobre a terra,

Pelas matas de um candomblé.

 

São os modos de crer no existir,

Pois o dono de tudo é sem nome,

Onde a luz que me faz resistir,

São razões para crer no homem.

 

Somos apenas o cosmos que pulsa,

Mas, com a obrigação de cuidar,

Pois nem tudo abraça ou expulsa,

Mas tolera o meu jeito de amar.