MODO DE EXISTIR

MODO DE EXISTIR

 

O mar é profundo e guarda o medo,

Se ninguém volta das profundezas,

Pois o mar é poço de segredos,

Como zona abissal posta à mesa.

 

Quando estiveres em África e Ásia,

Verás o mar como cerca de ondas,

O que pode ser trágica eutanásia,

Se a guerra naval for tão longa.

 

Lembro de cada almirante e pirata,

Roubando todo ouro de Montezuma,

E o medo contido em suas caras,

Falando de monstros nas brumas.

 

O mar sempre vem com surpresas,

Pois ninguém conhece do mistério,

Se acham que isso é nas estrelas,

Mas tudo o que digo é mais sério.

 

Porque sério é o modo de existir,

E qual a razão de sol e planetas?

Se núcleos galáticos vão explodir,

E não lhes importam os cometas.

 

As estrelas não entendem de vida,

Mas são fornalhas ou experimento,

Criando o quintal que nos abriga,

Com a luz vindo do firmamento.

 

A galáxia é como casas de fênix,

Pois, onde foi gás hoje é astro,

E eu ando descalço ou de tênis,

Mas eu já namorei e fui casto.

 

Com asas eu irei além de Ícaro,

Pois vou sem ceras que derretem,

Em nave estelar, sem Mefisto,

Saindo em busca do nosso Éden.

 

Sei que a Terra ainda é paraíso,

Mas seus donos são miseráveis,

Se não dividem o meu prejuízo,

Enquanto se fingem de amáveis.

 

Não nasci para ódio ou ganância,

Pois nada é meu, senão meu gozo,

Mas o empréstimo tomado na infância,

Ocorre, por acaso, ser doloroso.

 

É como a fábula da raposa e as uvas,

Mesmo quando elas te saciam ou não,

Onde verás que raposa não é burra,

Pois há quem lhe dê tudo na mão.