MARCAS DO CAMINHO

MARCAS DO CAMINHO

 

Os passos escondem as sombras,

Quando damos as costas pro Sol,

E talvez meu caminho se esconda,

Se a traça tornar o mapa em pó.

 

Se o pó é que marca o caminho,

Ou os grãos de feijão com João,

Lembre que o vento é vizinho,

Pois o vento traz aves ao chão.

 

E depois que somem feijão e pó,

Ou nem acham pegadas profundas,

Como saber por onde nasce o Sol,

Ou o porquê a verdade é muda.

 

O vendaval me falou pelas serras,

O que as grotas podem suspirar,

Pois cobras se arrastam nas terras,

Como os peixes são filhos do mar.

 

Eu também, que nasci do oceano,

Pois o berço da vida é na água,

Digo a todos que vivo meus anos,

A buscar tudo o que nos aguarda.

 

Mas devemos ao Sol nossa vida,

Junto a tudo que nele gravita,

E por isso somos graça acolhida,

Mas também quem sangra e grita.

 

Por isso a dor tanto ensina,

E o grito é temor que extravasa,

Mas também temos fé nordestina,

Pois a seca nos diz o que salva.