APESAR DO CORPO QUE SANGRA

APESAR DO CORPO QUE SANGRA

 

Sobreviver cobra até capoeira,

E fugir de senzala e chicote,

Ou se jogar até nas cachoeiras,

Se a onça tentar dar seu bote.

 

Hoje o homem distorce a palavra,

E crê que tudo seja fala do mal,

Acham culpa, mesmo em vida escrava,

E suas versões de fé é o sinal.

 

Notícias agora se tornam mentiras,

Se o jornalista lhes for servil,

E o favor das fortunas malditas,

Me obriga a dizer que ele mentiu.

 

Tem gente que acredita no diabo,

Mesmo quando o diabo é corrupto,

E não vê, quando lhe compra fiado,

Que, em verdade, ele gera soluço.

 

E o soluço, do corpo que sangra,

Nos diz sobre o que é necessário,

Mas isso não é ter casa em Angra,

Ou castelos de um legionário.

 

O que basta é a paz com saúde,

Tendo ao lado, amores e amigos,

E o resto pode ser com alaúdes,

Ou as prosas que terei contigo.

 

Eu me cobro celebrar os dias,

Pois o certo é sempre agradecer,

Se aqui Deus nos permite a orgia,

Mas o correto é saber conviver.