MUNCADIM

Um muncadim

É um tiquim de nada

Quem sabe uma isquinha

De queijo na goiabada

o mineiro tem

Um andar emborcado

Com trejeitos

um proceder Tímido, sem jeito

o falar arrastado que parece um canto

uma resmungação

A expressão de espanto

Diante de certa condição

Apenas uma palavrinha

Que no embalo da surpresa vai

fazer um muncadim de interjeição

Quando ele olha e diz UAI

Para os momentos de susto tem mais

Um muncadim de tudo eu conto agora

Tem o Nú, o crendeuspai, o avimaria, o Nosiór.

Uma palavra pela metade

Em outra emendada

Uma voou encostou na outra como se tivesse asa

Litileite mastumate, dendcasa

Um muncadim que faz sentido

Na palavra truncada

Muita emendação

Mas de palavra inteira nada

Um muncadim de peleja

Em meio a muita alegria

Subindo e descendo ladeira

Na luta do dia a dia

Um muncadim de terra

Umas arves umas plantinha

Lugar gostoso um terreirinho

Umas criação umas galinha.

Casarões antigões

que muito já ouviram

as canções do tempo e do vento

Que por ali já estão

Por já um muncadim de tempo

Qué um muncadim de trem gostoso?

Eu te ofereço e tem que comer

Pão de queijo, o biscoito a broa

E o bolo farelento

Pega bobo, isprementa, é coisa boa

Ajunta um cadinho de fé

Na quermecess na purcissão

Na capela pequenina

Reza o terço, pede pro são.

Tem tanto sofrimento arrancado,

Sangue manchado na pedra sabão.

Torres, janelas aldravas

Arte em contornos e cores

Ódios sagas, amores

Sinos, cortejos, andores.

Porões que foram cenários

De mil tormentos e ais

Tem gemidos escondidos

Sob os gigantescos umbrais

Um muncadim bem grande de beleza

Nas ruas nas praças e morros

Lindas pequenas cidades

Matas serras montes

Muncadão de coisa boa

Também lá no belorzonte.

Nosso lugar é assim

Tem um jeito todo especial

De ser e de viver

Coisas que a natureza sábia faz

Contei procê o que é

Um muncadim de Mingerai