VIDA É CARNE

VIDA É CARNE

 

Lembrando do tempo dos reis,

Dos reis semideuses na terra,

Só hoje eu sei que esses reis,

Fazem falta, pois tudo se encerra.

 

Um rei de agora quer ser um Deus,

E buscam pela juventude eterna,

Sem mesmo saberem o dia do adeus,

Pois tudo que é vivo se enterra.

 

Vida eterna nos cobra lembranças,

Pois assim cada deus se eterniza,

Junto às rezas, pedidos e danças,

Que traduz nossa fé noutra vida.

 

Nossa experiência de vida é carne,

Que não garante o mais do Cosmos,

Pois não sabemos qual é o descarte,

Que fará a seleção dos propósitos.

 

Serei eu no futuro só sedimentos,

Ou serei o eco das minhas ilusões?

Serei eu um mofo nos documentos,

Ou somente a traça que tudo comeu.

 

Como iremos fluir no imenso caos,

Se não tenho um mapa ou argumento?

Ou será que navego como as naus,

A querer só direito ao bom vento.

 

Hoje a vida não quer surpresas,

Pois avançamos da pedra lascada,

E os livros não ponho nas mesas,

Mas nas telas da mente plugada.

 

Só não queiram ser como escravos,

E só busquem pelo bom convívio,

Partilhando entre rosas e cravos,

Minhas poesias de amor e delírio.