A TERRA SE REFAZ

A TERRA SE REFAZ

 

Todo carro deseja uma estrada,

Mas o cometa tem outro minério,

E joão-de-barro quer invernada,

Quando ter casa for algo sério.

 

Quem viu certo ninho de águias,

Foi nas alturas de uma escarpa,

Sonhou voando sem asa ou saias,

E já ouviu também sobre Jocasta.

 

Quem já viveu além do seu tempo,

E escutou os sussuros do tártaro,

Pode dizer pra que lado é o vento,

E o simbolismo de algo mais caro.

 

Os nossos dedos têm metacarpos,

Que ligam ações com as vontades,

Como alguém que constrói barcos,

Sonhando com a ilha dos frades.

 

Já eu pensei em toda Austrália,

Ou cá em Madagascar, como ilhas,

Se o continente é onde há batalhas,

Pois lá se divide com tordesilhas.

 

Só não sabiam que ilha é vulcão,

Nem conheciam seus promontórios,

Pois as jubartes procuram o verão,

No mar que se rasga com meteoros.

 

A terra se refaz de tempos em tempos,

E arrasta pedaços de terra e de água,

Com gelo e degelo, no açoite do vento,

Criando oceanos, com choro de mágoa.

 

Revolta quem estava, diante do novo,

E assim leva os bichos ao cemitério,

Que hoje são só os fósseis de um ovo,

E cada teiú é servo desse mistério.

 

Hoje quem manda são os mamíferos,

Mas esses ainda não são o futuro,

Pois são canibais dos aquíferos,

E comem veneno no prato maduro.

 

Por isso, pra nós, não há amanhã,

Mesmo que sejamos o herege utópico,

Pois não existiu nem mesmo tarzan,

Quiça paraíso num mundo de tóxico.