Viver de facto
Minha alma jaz cálida
Numa noite que aflora aurora em meu olhar
Do dente de leão que morreu a sorte
A fim de outro amor desbravar
Sou a piedade que emana em mim mesmo
Drama tortuoso
De marchar a ermo
Qual Beethoven, poeta delirante
De amante em amante me tornar
Singelo adoçante de uma vida
Meio cismante de pensar
Vou levando a vida no brado retumbante
De uma corneta a ministrar
A valsa fúnebre do amor
Amado amante, ciranda
Que na imagem da lótus
Vai aos confins costurar
Um refrão absoluto
Que perpasse o ato do absurdo
Mefistofélico a levar
O primeiro que de amor lograr
Torcendo o ato, maestrando o bom grado
No amado, um tom vago
Verbalizei o fato
Sondei o auto
Em mim, em ti
Em todo mundo
Disse mensagem à primeira estrela
A perpassar
A escuridão com a missão de iluminar
A cauda do cometa
Deixará meu rastro
Com inexorável gameta abalar o manto
De me encontrar e encontrar
Porque sempre animado?
Porque sempre tão tristonho
Viver a dicotomia desse planeta tão estranho
Não terá piedade de mim
O ser que me criou e fez assim
Numa amortalhada crise
De viver a existência
Pior que mentalinguagem mais sombria
Poesia marginal, tingida
A cada ato de sorte, a cada salto de morte
Terá a vida algo tão consorte
Quanto àquilo que se chama viver
De facto?