ERRADIO
Se um dia
andares a toa por aí,
lembra-te de pisares na areia da praia,
lá estarei banhando-me
no sal de alguma maré.
Talvez possas encontrar-me
sobre as ondas
ou submerso
num naufrágio inacabado.
Perguntas a algum
sol distraído
nas baldias tardes de verão
onde poderás encontrar o espelho
das águas
que guarda o reflexo
do corpo sem nexo,
do sexo sem corpo
no sopro sem plexo,
no simples côncavo
ou no convexo
contorno
não crível
no complexo
do invisível
retorno.
Insistes!
O vento te contarás
segredos ao pé da tua face.
Eólicos momentos
Heróicos, valentes,
Estóicos, mormente,
Alcoólicos, dormentes,
no copo, silente,
que afoga as dores,
de quem se faz ausente.
Olhas para o céu
Uma desbotada nuvem
há de chover
uma última lágrima,
atrasada,
atrás do nada
desamparada,
sem encosto
esperando
— quem sabe —
retornar aos olhos
daquele rosto.
Se ainda assim
não me encontrares,
tornas aqui
na próxima
viagem da ilusão,
em algum desaviso
do tempo
poderás me achar
Isso
se um dia permitires
além da busca,
teres ao teu lado
esse sonhar,
distante...
esse sol lá
isolado,
tão pequenininho
tão sol-zinho!
Se um dia...