ERRADIO

Se um dia

andares a toa por aí,

lembra-te de pisares na areia da praia,

lá estarei banhando-me

no sal de alguma maré.

Talvez possas encontrar-me

sobre as ondas

ou submerso

num naufrágio inacabado.

Perguntas a algum

sol distraído

nas baldias tardes de verão

onde poderás encontrar o espelho

das águas

que guarda o reflexo

do corpo sem nexo,

do sexo sem corpo

no sopro sem plexo,

no simples côncavo

ou no convexo

contorno

não crível

no complexo

do invisível

retorno.

Insistes!

O vento te contarás

segredos ao pé da tua face.

Eólicos momentos

Heróicos, valentes,

Estóicos, mormente,

Alcoólicos, dormentes,

no copo, silente,

que afoga as dores,

de quem se faz ausente.

Olhas para o céu

Uma desbotada nuvem

há de chover

uma última lágrima,

atrasada,

atrás do nada

desamparada,

sem encosto

esperando

— quem sabe —

retornar aos olhos

daquele rosto.

Se ainda assim

não me encontrares,

tornas aqui

na próxima

viagem da ilusão,

em algum desaviso

do tempo

poderás me achar

Isso

se um dia permitires

além da busca,

teres ao teu lado

esse sonhar,

distante...

esse sol lá

isolado,

tão pequenininho

tão sol-zinho!

Se um dia...

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/06/2024
Código do texto: T8094337
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