INAPROPRIÁVEL
Te olharia
sobre as luzes,
nos lumes,
nas lunes,
em todos
os outros dias
da existência
baldia.
Te esperaria,
a contar
invisíveis horas
de fictícios regressos,
só para me esquecer
de alimentar
as solidões
desses "agoras".
Te colocaria
na semente,
mais próspera,
em suas vísceras
cultivaria alvíssaras,
tu serias grão
eu seria a mão
a te adubar
na plantação.
Te faria uma cantiga
de silêncio, ...
de tanta
oração,
serias
a santa
e eu devoção.
E quando,
depois da fadiga
da espera,
o tempo tentar
matar
a esperança,
inventaria
minha própria
imortalidade
para vivê-la
naquilo
que é só meu
e que nada
roubar poderia:
o meu sonhar!