Renascer

Tempo

Botões se abrem

Pétalas caem

Ciclo completo

Uma história termina

Outra inicia

Cada um, uma sina

Lágrima que cai

Voz alta

Há o que cala

Somente o olhar fala

E entre os silêncios

Arrebentam brotos selvagens

Mudando a paisagem

Dores que se insinuam

À mercê do acaso natural

Tornando respirar algo fatal

Tempo

Consciência que esmaga

A voz se cala

Nem mais pétalas

Só a dor afeta

Paisagem de musgo

Triste

Se espalha pelo peito

Desejo adormecido

Nada mais faz sentido

E entre as sombras

Desse tempo gélido

Descolore meu corpo entroncado

Enfraquece cada galho

Corrói o tecido

Tudo enfraquecido

Cada fio capilar desbota

Sangue…

Escorre em vermelhos lírios

Que choram

Em lágrimas de clorofila

Rios vermelho rubi

Banham o rosto

Desgosto

Nem flores de maio

Nem perfume há aqui

Deserto

Esqueleto de peito aberto

Transfigura os traços

Secam abraços

Solidão no existir

Ausência decompositora

Nada há nesse tempo

Além das memórias

Lembranças de histórias

Que no tempo de agora

Ferem

Anseio de uma primavera

Dias de cor e festas

Regeneração de um corpo

Polinização da vida

Verde de novas folhas

Metálica e tola

Esperança nascida

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 16/06/2024
Código do texto: T8087281
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