Renascer
Tempo
Botões se abrem
Pétalas caem
Ciclo completo
Uma história termina
Outra inicia
Cada um, uma sina
Lágrima que cai
Voz alta
Há o que cala
Somente o olhar fala
E entre os silêncios
Arrebentam brotos selvagens
Mudando a paisagem
Dores que se insinuam
À mercê do acaso natural
Tornando respirar algo fatal
Tempo
Consciência que esmaga
A voz se cala
Nem mais pétalas
Só a dor afeta
Paisagem de musgo
Triste
Se espalha pelo peito
Desejo adormecido
Nada mais faz sentido
E entre as sombras
Desse tempo gélido
Descolore meu corpo entroncado
Enfraquece cada galho
Corrói o tecido
Tudo enfraquecido
Cada fio capilar desbota
Sangue…
Escorre em vermelhos lírios
Que choram
Em lágrimas de clorofila
Rios vermelho rubi
Banham o rosto
Desgosto
Nem flores de maio
Nem perfume há aqui
Deserto
Esqueleto de peito aberto
Transfigura os traços
Secam abraços
Solidão no existir
Ausência decompositora
Nada há nesse tempo
Além das memórias
Lembranças de histórias
Que no tempo de agora
Ferem
Anseio de uma primavera
Dias de cor e festas
Regeneração de um corpo
Polinização da vida
Verde de novas folhas
Metálica e tola
Esperança nascida