Em direção a luz

Hoje encontrei alguém que perguntou como estou

Quando respondi, ignorou a minha dor

Me julgou e inferiorizou o que sinto, sorrindo

Fingindo que se importa comigo

Não foi a primeira vez que lidei com o que ele fez

Outros também já me atacaram algumas vezes

Por me atrever a falar do que sinto, quem penso que sou?

Para trair o código secreto de sangrar sem revelar?

Já estive lá, no sótão presa com o sofrimento

Morrendo por dentro, sem expressar nada fora

Mas aprendi a duras penas que represa tem limite

E no passado, não só atravessei os meus,

Como a barreira que continha tudo que eu sentia se rompeu

O estrago foi grande, ainda cato os cacos

Da tragédia anunciada que eu mesma produzi

Incentivada por pessoas alienadas e mal intencionadas

Encenava um personagem, parte de uma engrenagem

Meu papel era sorrir e nada sentir ou reclamar

Apenas calar e concordar com face serena

Para não correr o risco de desagradar

A punição de demonstrar minha opinião era grande

Paguei o preço algumas vezes, até que desisti

Sucumbi ao que me foi designado como rato enjaulado

Correndo exaustivamente na roda da morte

Um dia, a vida me ajudou e a roda quebrou

Eu corri, o mais rápido que pude

Um tanto perdida, bastante atordoada, mas segui

Em direção à luz, ao movimento do vento

Que sussurrou, me chamou e revelou quem sou

Me reconheci, me assumi e acendi

Encontrei o que perdi e voltei a sentir

Hoje rememorei o que me fez desistir de mim

Através do menosprezo de um conhecido,

Reconheci onde estive, em que momento me perdi

E para onde nunca mais quero voltar

A violência alheia não me atravessa mais,

Porque sei exatamente de onde saí

Diferente de antes, sei por que me destilam veneno

Não é sobre mim, como um dia presumi

É só o que eles têm para dar, assim é mais fácil lidar

Com o vazio de trancar a alma no porão

É melhor aniquilar o outro por diversão

Ao invés de descer as escadas em direção

A tudo que está guardado no coração

Acolhida por mim, quem mais importa

Dou um sorriso amarelo,

Viro as costas e vou embora

Eu não preciso ficar em nenhum lugar

Onde a vulnerabilidade não possa estar

Agora sei o que é me amar

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 13/06/2024
Código do texto: T8085354
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.