MAIS DE QUARENTA ANOS

MAIS DE QUARENTA ANOS

 

Já não sei dizer do passado,

Se tem mais de quarenta anos,

Mas a praia é de outro estado,

E é tão fria que fico chorando.

 

Quem se lembra de um velho gibi,

Vai sonhar com um modo equestre,

Pois era como enganavam os civis,

Com os filmes do velho oeste.

 

Todos nós sofremos no império,

Pois nenhum império é do povo,

E o que falo é algo tão sério,

Que vão me torturar de novo.

 

Quem nasceu sob a lei marcial,

Não pode saber sobre liberdade,

Pois nem há escola e hospital,

Se ninguém sabe o que é saudade.

 

Saudade só existe com liberdade,

Pois ninguém idolatra uma prisão,

E não me diga como é sua verdade,

Se a liberdade quer revolução.

 

Surpreenda-me sendo o simples,

Se hoje é tudo uma pálida visão,

Pois o ouro ilude até príncipes,

E o que temos nem dá pro feijão.

 

Então, eu peço socorro na Penha,

Depois se subir seus penhascos,

E ter no suor o amargo da lenha,

Que queima o joelho dos fracos.