TUA PALAVRA
Preciso de uma palavra.
Não de uma
qualquer palavra,
... da tua palavra.
Que venha envelopada
com a fragrância de um tempo
fatigadamente esperado,
no invólucro de um beijo
esquecido,
extraviado na gaveta
de alguma mudez.
Esqueça os verbos
inconjugáveis,
somos apenas cônjuges
de um matrimônio
que não se consumou,
se consumiu no silêncio
da palavra que antes
de ser casada,
se divorciou.
Ainda é tempo...
As alianças
não se oxidaram
por inteiro
sinto na bruma
dos anos um
brilho relutante,
inamordaçável.
Escorre nos
dedos desnudos,
na boca seca
da invisível saliva,
a indivisível saudade!
O resto resgataremos
dos escombros
de antigas promessas,
ainda relutantes
e ávidas
pelo regresso
daquela palavra
que não foi dita,
mas nunca olvida.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves