ANTES DE CADA ESCRITA

ANTES DE CADA ESCRITA

 

Quando inventaram cada escrita,

Se esqueceram não terem o papel,

Nem ao menos papiros na cripta,

Onde jazem o Tarzan e o Jor-El.

 

Ainda não haviam naves em kripton,

Nem o Super-homem parecia conosco,

E os deuses astronautas de Newton,

Não caiam como as maçãs no cocho.

 

Mas ainda não tínhamos cavalos,

E as rotas se andavam com os pés,

E por isso eram todos descalços,

Desde o monte de onde vimos Noé.

 

Ninguém havia usado meus cipós,

Pois Tarzan tinha ido em África,

E os bantos mostravam-lhe o nó,

Que levou Alexandre à desgraça.

 

Se não fosse as fábulas de górdio,

E também não houvesse a tragédia,

Nem os gregos teriam um primórdio,

E não teríamos teatro ou comédia.

 

Foi assim que buscaram as tábuas,

Mas só tinham a pedra e o lajedo,

E mentiram com leis ou as mágoas,

Pois a morte nem sabe que é cedo.

 

Tudo no universo é mais velho,

E estamos somente há um segundo,

E como seria ter um escaravelho,

Que me diz sobre o Egito a fundo?

 

Eu não sei como chegamos à Terra,

Mas eu acho que foi num cometa,

Mesmo quando a noite me encerra,

A visão de um sol que é gameta.

 

E me sobra ter luar e estrelas,

A dizerem qual serão os destinos,

Que escolho ou sou posto a vê-las,

Pra saber que sou só um menino.

 

E não vou ter tempo de ser velho,

Pois os velhos são filhos do vento,

Que viajam olhando o espelho,

Pois Narciso não se vê no tempo.