Caminhos
Sons que pelo vento se propagam
Anunciam o despertar
É chegado o momento de levantar
Sons emitidos e de longe ouvidos
Dos Pequenos grilos
Alguns sapos
Entre as folhas, as cigarras
E o bater de asas dos passarinhos
Outra noite que termina
Enquanto acordada, acompanha a menina
Na escuridão se fez parar
Tentando descansar
A mente aquietar
Mas os pensamentos, como os grilos
Que no amanhecer estridulam
Não a deixam ter em sigilo
Os sentimentos que a machucam
Pois se derramam em tua face
Não lhe permitem qualquer disfarce
E até que a noite passe
Fica ela secando a fria face
Algumas vezes, o cansaço
Por um pequeno tempo
A rouba do sofrimento
E a leva em teus braços
Tentando acalmar-lhe os soluços
Sopra em seus ouvidos
Palavras de incentivo
E ela dorme
Mas não sonha
O frio a toma
Não está coberta
Logo desperta
Se encolhe
A solidão a observa
Sua pele se arrepia
Sente o frio de mais um dia
Enquanto os sons invadem
Cada inteiro ou metade
E, vagando por mais uma cidade
Ela não se encontra
Não há ali, na verdade
O que a levaria da saudade
São apenas mais caminhos
Pela solidão feito de ninhos
…
Agora cantam os passarinhos
Os grilos ainda estridulam
Alguns passos pela rua
Carros freiam e buzinam
Ela agora nua
No chuveiro, lágrimas se banham
Enquanto um corpo se desmancha