Desilusão

Entre o vasto tempo que tripudia

Sem qualquer zelo por meus sentimentos

Tornei-me um fantasma enquanto ainda ardia

No meu peito esse amor que foi encantamento

E como um fantasma me refugiei um dia

Entre a solidão de uma alma morta

Por trás de troncos fiz meu túmulo, e tudo ardia,

Enquanto observava a tua porta

Senti o frio da morte no frio que ali fazia

Não era o frio que a carne corta

Mas o frio que só a alma consumia

Como aço das facas que a carne deixa morta

E o meu peito apodrecia

Pecado cometido que pelos vermes é consumido

Enquanto o corpo se contorcia

A espera da palavra que me faria ter permitido

Mas tu não vieste ver minha desgraça

Teus olhos repousaram noutra direção

E eu saí, como quem tudo disfarça

Carregando meus destroços em um velho caixão

Levando apenas para minha tumba a carcaça

E meu destruído coração

No epitáfio, mesmo que sentido não faça,

Esculpido terá: O amor lhe foi desilusão

Passarão infindáveis dias

Jamais haverá companhia

E passando por minha tumba ouvirão

O chocalho fatídico de meus ossos soando como um coração

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 02/06/2024
Código do texto: T8077237
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