A PAZ E O GRITO

A PAZ E O GRITO

 

Ninguém deve se achar bom ou mau,

Mas apenas expor o que acredita,

E saber que se aprende o que é mal,

Pois o bem não quer vida maldita.

 

Ninguém nasce como demônio,

Mas, sim, como anjo sem mácula,

Se a inocência goza do sonho,

De que não seremos um drácula.

 

Meu sangue corre é nas veias,

Não no dreno de sanguessugas,

E nem sou canibal numa ceia,

Mas eu quero ser velho de rugas.

 

Quem quiser a juventude eterna,

Se prepare para descer do trem,

Que descarta na vida moderna,

O que é fácil e não tem porém.

 

São questões que afligem o santo,

Se é que a santidade lhe alcança,

Pois a felicidade não é descanso,

Mas uma rusga na ponta da lança.

 

A certeza que temos é individual,

Como a tua cultura é da vivência,

O resto é delírio e sobrenatural,

Ou sexto sentido da conveniência.

 

A paz que preciso vem do silêncio,

E o grito e a guerra são inquietudes,

Onde há cheiro de carne ou incenso,

Pois Ares nos fere até nas virtudes.