Noite de revelações
Noite clara,
Lua cheia no céu
Tons azulados, nuances lilás
Ar cinza exalando bruxaria
Névoa que encobria o léu
Você não via a magia
Feito pedra congelada
Não sentia o que te consumia
Mas seu corpo reagia, tremia
Mente fervilhando feito caldeirão
Elementos borbulham desordenados
Ingredientes incorretos, precipitados
Sem a devida intenção
Apenas curiosidade, sedução
Abrir, espiar, sem adentrar
O que te chama em alto e bom som
Ecoa pela eternidade
À espera de ser recepcionado
Você acessa, mas não absorve
Não se move, se mantém estático
No seu impávido palacete a desmoronar
Desperdiça a vida habitando o nada
Evitando limpar a ferida que jorra sangue
Escorre por toda a parte
Se transbordar um pouco mais
A represa rompe
Não haverá mais você
Já não há há tempos
Talvez nunca tenha havido
Vejo um belo esboço, um sorriso maroto
Grande coração a boiar perdido no oceano
Do próprio pranto congelado
Que ao se aproximar da chama
Teme derreter, esvaecer
Deixar de ser máscara
Tornar-se amor
Enxergar o que nunca foi visto