Noite de revelações

Noite clara,

Lua cheia no céu

Tons azulados, nuances lilás

Ar cinza exalando bruxaria

Névoa que encobria o léu

Você não via a magia

Feito pedra congelada

Não sentia o que te consumia

Mas seu corpo reagia, tremia

Mente fervilhando feito caldeirão

Elementos borbulham desordenados

Ingredientes incorretos, precipitados

Sem a devida intenção

Apenas curiosidade, sedução

Abrir, espiar, sem adentrar

O que te chama em alto e bom som

Ecoa pela eternidade

À espera de ser recepcionado

Você acessa, mas não absorve

Não se move, se mantém estático

No seu impávido palacete a desmoronar

Desperdiça a vida habitando o nada

Evitando limpar a ferida que jorra sangue

Escorre por toda a parte

Se transbordar um pouco mais

A represa rompe

Não haverá mais você

Já não há há tempos

Talvez nunca tenha havido

Vejo um belo esboço, um sorriso maroto

Grande coração a boiar perdido no oceano

Do próprio pranto congelado

Que ao se aproximar da chama

Teme derreter, esvaecer

Deixar de ser máscara

Tornar-se amor

Enxergar o que nunca foi visto

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 27/05/2024
Código do texto: T8072992
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