Solidão
Na solidão cri na história que inventei
Dei vida às palavras
Arrumei-as de forma delicada
Um cenário eu criei
Ouvi o que eu queria
Transformei as palavras vazias
Em potes de doce mel
Todas no coração guardei
Fui me ajeitando entre as coisas
Aceitei razões sem sentido
Deixei a mentira ser permitida
E por muitas vezes fechei os ouvidos
Fiz diminuto o longo tempo
Justifiquei sentimentos
Aceitei todas as culpas
Por esperar por um momento
E no tempo tudo se desfazia
E eu à mim mentia
Me vi silenciada
Na estante guardada
Noutras, a gaveta me teve
Enquanto a vida seguia
Sem a minha companhia
Acompanhei silenciosa
E quando a voz saía
Gritos se ouvia
Nesse tempo eu já não sabia
Se a mentira se transformaria
No belo dia que eu queria
E antes que eu desse conta
A solidão ardia
Queimava minha triste alma
Deixando mais uma vez suas marcas
Abrindo profundas feridas
Que carregarei pela vida
Olhando hoje para trás
Me dei conta que minha companhia
Fosse noite ou fosse dia
Sempre foi aquela de quem eu fugia
A constante solidão
Que permanece segurando a minha mão