DESDE ONTEM
DESDE ONTEM
Todos os dias busco renascer,
Porque desde ontem estou morto,
E a traição que não sei esquecer,
Talvez retorne ao dono de novo.
Temos de crer que há ricochete,
E dizer que se paga o que faz,
Mas não sou catapulta e ariete,
Pois não sei ser tão mordaz.
Só querer ser feliz com todos,
Mas alguma inveja encontrar,
É pensar não haver mais esgotos,
Porque neles ninguém vai sarar.
Conviver com o pior inimigo,
Mascarado como alguém no caixão,
Faz um corvo se passar de amigo,
Para nos apunhalar sem paixão.
Essa estória poderia ser real,
Em qualquer profissão na vida,
Mas lutar contra tiro é fatal,
Porque armas são paz de mentira.
Quem passou por soldado ou tira,
Sabe os traumas de cada estação,
Pois o trem nem sempre convida,
Pra viagem com a extrema-unção.
Sempre espero por um mundo ideal,
Onde a paz se abrace à concórdia,
Mas eu sei, pela dor, que o mal,
Ainda está a trazer a discórdia.