Peço-te
Deixe-me arrancar-te de dentro de mim
Já estou cansada à espera de um fim
Minha alma sangra em infinda hemorragia
Não há o que estanque e nem chega o fim do dia
Agonia extenuante de quem ama
Sem nem por um instante apagar essa chama
Findam os dias, pelas noites vagueiam os pensamentos
Amanhece outro dia sem morrer esse sentimento
Minha boca sorri com mais doçura pois sofre
Na língua amarga o fel que os lábios bebem
É ardente o olhar que a visão distorce
Na acidez das lágrimas que correm
Sonho com um beijo ou uma carícia que fosse
Mas no silêncio, a soluçar, na desgraça aprendi
Que não há consolação mais doce aqui
Que o sonho que o amor trouxe
Tristeza que vibrou num soluço de mágoa
Ao seu coração nunca pode chegar
Mas o pranto cai dos meus olhos rasos de água
Tornam mais penetrante e mais triste o meu olhar
Meus lábios que nunca beberam alegria
Disfarçaram num sorriso o que você magoou
A dor é um sentimento que se alimenta e se cria
Dos resíduos que a tristeza no coração deixou
Em tudo em mim o sofrimento imprime
Uma augusta expressão que me toma a graça
Dando aos meus versos a inspiração sublime
Que torna cada sentimento aquilo que não passa
É dor, sem trégua nem guarida,
Dor sem resignação, dor de irremediável pranto
Dor que no passar pelo tumulto da vida
Deixa os olhos nublados e alma perdida num canto
Clamo-te com o coração a pesar
Assim como me fizeste amar
Termine com essa indescritível dor
Ou dê-me logo todo teu amor