Olhos tristes
Senhor, sei que não quereres ouvir-me
Nem ver-me também
Deixe teu coração tranquilo
Não obrigo-me a ninguém
Juntei os meus pedaços
Com todo cuidado
Deixei limpo o teu espaço
Parti
Partiram tão tristes
Meus olhos lacrimosos
Por vós, meu bem
Que se quer os vistes
Nem alegres nem tristes
E se agora se derramam
É por você e por mais ninguém
Mas não te preocupes
Nada saberás além
Que parti como pedistes
Se alegre ou triste
Não importa à ninguém
E na distância concretizada
Com a alma destroçada
Choram meus olhos tristes
Tão saudosos
Tão doentes da partida
Carentes sem despedida
Tão cansados, tão chorosos
Sem vontade pela vida
E o que já em mim era triste
Da tristeza se embriagou
Deixando tudo mais triste
Qualquer alegria matou
Partiram tristes
Me fizeram mais triste
É triste onde estou
Morrem assim os tristes
Sozinhos, sem ninguém
Nunca tão triste vistes
Olhos meus que são tão tristes
Como não são os de ninguém
Senhor, sei que não queres ouvir-me
Não obrigo a ninguém
Guardo comigo
Nos olhos escondidos
Sem que os possa ter percebido
Não te preocupes
As palavras que sangram
Rasgam com tinta o papel
Com o passar do tempo
Serão mera tinta com gosto de fel
E no certo momento
Sucumbirá, se dissipará no vento
E outras lágrimas os olhos tomarão
Fazendo tudo mera poeira pelo chão
Nada à você chegará
Nada espera algo mudar
E assim te repito
Não te preocupes, meu bem
Não me obrigo a ninguém