FADA OU MAGO

FADA OU MAGO

 

Uma fada queria andar à noitinha,

Então, foi procurar uma coruja,

Bem aquela, mais sábia e certinha,

Mas só achou a coruja mais suja.

 

Rabugenta, a coruja lhe enganou,

Porque disse ter paz num jazigo,

Mas não foi o que ela encontrou,

Pois ali a morada é castigo.

 

Quem está lá já não vive conosco,

Pois está em seu descanso eterno,

Se não está sofrendo de encosto,

De alguém com cornos de cervos.

 

Hoje, tudo é diferente de antes,

Pois se morre de tantos venenos,

Sem víboras ou o inferno de Dante,

Sempre achando que não o teremos.

 

Desse jeito iludiram a fada,

E disseram pra ela ser livre,

Mas essa liberdade é tomada,

Como um menu na mesa do tigre.

 

Essa fada morreu ali iludida,

De que o tigre seria um gato,

E só viu tal mentira urdida,

Quando lhe serviram num prato.

 

Entre nós, há quem seja a fada,

Ou um mago que tenha renome,

Mas devemos cuidar da jornada,

Afinal, os diabos são homens.