Se eu soubesse
Incansável é o tempo,
Não dá trégua
Desconsidera o sentimento
Nada o sossega
Entre as quatro estações
Continuam as emoções
No calor do verão
Fraco bate o coração
No outono amarelado
Há dor por todo lado
No frio forte do inverno
A solidão é o terno
Mudam as estações
Continuam as emoções
Saudade interminável
Dor incontrolável
Esperança nasce e morre
Pelas mãos escorre
Líquida
Amarga
Veneno da alma
E quando chegar a primavera
Rosa, vermelha e amarela
As cores farão festa
Se eu já estiver morta
Não chova por mim nessa hora
Deixe que se abram as flores
Com todas as suas cores
Dando a vida alegria
Um pouquinho do que sonhei um dia
Deixe que os botões
Se abram aos montões
As flores florirão
Para que então
A vida ganhe cores
Os amantes, amores
Quando vier a primavera
Se eu já estiver morta
A vida florirá lá fora
Se na primavera eu morrer
Uma alegria enorme irei ter
Haverão cantos de passarinhos
Serelepes em seus ninhos
Muitos filhotinhos
Todos abrirão os seus biquinhos
Haverá vastidão de perfumes
Muitos vagalumes
Grilos todos irão ver
Borboletas coloridas
Enfeitando as vidas
Alegres por flores haver
Se na primavera eu morrer
Haverá serenata
Nada de preto há de haver
Será tudo colorido
Lindos sorrisos
Música
Danças
Será uma festança
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã
Somente pediria
Para alguém me trazer
Um pouquinho da primavera
Para um colorido haver
E assim ficaria contente
Por da primavera algo ter
Assim findaria
No tempo primaveril
Minha estada nesse tempo
Mas desconheço o dia
Não sei do momento
Sigo dia a dia
Entre as estações de cada tempo
Com cada um dos meus sentimentos
Se soubesse que amanhã morria
E primavera seria
Morreria contente
E tudo valeria
Seria o melhor tempo
Para enterrar meus sentimentos