TANTOS SENTIDOS

TANTOS SENTIDOS

 

Eu não posso impedir o futuro,

Como nada sei antes de nascer,

Mas se eu passo a vida no escuro,

Nem mesmo o Sol eu vou ter.

 

As estrelas explodem e findam,

Mas propõem uma nova estrela,

Mesmo com anseios que agitam,

Sem um adereço em cada lapela.

 

Se ainda percebo as cores,

Talvez esteja vivo nos sonhos,

Pois o corpo se veste de dores,

Enquanto há odores medonhos.

 

São tantos os sentidos ocultos,

Que debruço em dados lotéricos,

Onde o nada se faz absoluto,

Mas são atos de vida homéricos.

 

Se um dia fui deus de uma causa,

Creio que ela me deu resultados,

E por isso esse deus é só casca,

Porque Deus sempre cria, é fato!

 

Somos estereótipos ou arquétipos,

De tudo que temos e representamos,

Não sendo somente mais céticos,

Mas elos poéticos onde atuamos.

 

Na estrada de luz dos cometas,

Imagino ainda poder ver a flor,

Que deixei com odor e caretas,

Diante da minha pele em cor.

 

Há quem me ame de acordo à pele,

Mas digo que sou só amor e ator,

E a seiva ou suor que me concebe,

São sonhos de poder ser condor.

 

Mas o vento arrebata até albatroz,

Que dirá um condor sobre os Andes,

Onde os picos não ouvem minha voz,

Que se aquece em mares distantes.