ANOITECER
No meio do nada,
o horizonte deitou-se
com suas fadigas.
Fora
um dia intenso,
o calor dos olhares,
dos corpos
esquecidos,
aquecidos,
pela relva
e outros atritos.
Exaurido,
cobriu-se
com o cobertor
de um crepúsculo
ofegante.
Sonolento, pedia
o aconchego da lua
que chegava
com o travesseiro
de cinco pontas.
Tudo mais
pareceu dormir
A natureza quedou-se
em oníricas paisagens.
Animais
procuraram seus dormitórios,
tendo a coruja
a lhes velar os sonos.
O silêncio contou
uma cantiga de ninar.
O ar acariciava
a face da noite,
despudorados graus,
em desmesurada queda,
partilhavam com a atmosfera,
uma eólica narrativa
fria e calculista.
No meio do nada
o horizonte desfaleceu
e pode descansar.
E da beleza do notívago
firmamento cintilante
o nada se fez tudo.