ROGATÓRIA
Quem em mim habita
nas noites tempestuosas,
não dialoga com as calmarias.
Não cultiva a mansidão da lua,
nem acalenta sonhos de regresso.
Que lobo é esse que espreita ovelhas invisíveis na bruma ?
Tento ser o pavio
que acende a lâmpada,
nas perigosas tangências
daquele
que ascende à bomba.
O mundo das ausências
talhou-me
com o
cinzel
das procelas,
quebrou-me
as porcelanas
da sala
só para estar
na sela
dum indomável
corcel.
Meu leito
já não me basta,
as fugas são poucas
para tamanha insônia.
Rogo uns versos
para me acalmar
nas sendas da madrugada
e apaziguar as águas
tormentosas
neste indócil oceano
de saudades
e de
longínquas
paixões.