ROGATÓRIA

Quem em mim habita

nas noites tempestuosas,

não dialoga com as calmarias.

Não cultiva a mansidão da lua,

nem acalenta sonhos de regresso.

Que lobo é esse que espreita ovelhas invisíveis na bruma ?

Tento ser o pavio

que acende a lâmpada,

nas perigosas tangências

daquele

que ascende à bomba.

O mundo das ausências

talhou-me

com o

cinzel

das procelas,

quebrou-me

as porcelanas

da sala

só para estar

na sela

dum indomável

corcel.

Meu leito

já não me basta,

as fugas são poucas

para tamanha insônia.

Rogo uns versos

para me acalmar

nas sendas da madrugada

e apaziguar as águas

tormentosas

neste indócil oceano

de saudades

e de

longínquas

paixões.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 19/04/2024
Código do texto: T8044840
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