Só amor
Gosto de enredar meus pensamentos
Nas linhas do velho tempo
Gosto de deixar esses pensamentos
Alinhados aos meus sentimentos
E submerjo-me as lembranças do passado
Suspiro pelo que no ontem fui buscar
Chorando o tempo já findado
Afogo em lágrimas o meu olhar
Pelo amor que a morte no peito anoiteceu
Contorço-me na dor que o amor deixou
Decompondo o tão sofrido coração
Perdendo-me do antigo guia, a razão
Posso então lastimar o erro cometido
Aquele nunca esquecido
E diante a lástima recontar as sagas
Chorando o já chorado, ainda sofrido
E no alvorecer de cada dia
Um por um, do que a alma corta
Em um impertinente movimento volta
E as perdas retornam à mente
São pesadas amarras feitas de grossas correntes
E naquilo que em um coração havia morrido
No outro, em meio a loucura, ressurge
Entre bronze, pedra, terra
Um imenso amor que persiste com bravura
Sobrevive com formosura
Como quem pelo inverno passa
Aguardando que se faça
Dias de fulgaz calor
Dias onde se evaporará toda dor
Em como um corpo que na terra se mistura
Aguarda o tempo de ver o em pó esse amor
Sentir nas narinas o aroma do verão
Assediar os dia deixando nas mãos
As marcas da nova época
Mas se portas de aço e duras rochas
Não podem vencer desse tempo a tirania
Dou-me por vencida e deito-me em pedra fria
Já não há como ocultar
A mente é meu algoz
A maior riqueza dessa vida
Fugiu de forma tão veloz
Era, como em contos de fadas, o infindo amor
Mas nem mesmo em negra tinta
Foi possível guardar o seu fulgor
Sua eternidade se faz na verdade
Nesse peito cheio de dor
E nem sei se por maldade
Castigo pelos erros cometidos
Esse sentimento permanece comigo
E ao perder-me em mim
Em devaneios de grande calor
Permito que assim
Mesmo entre frias pedras, o amor seja amor