Insônia
A insônia costumeira já dá o seus indícios
Nas horas que passam
Mesmo tendo o corpo cansado
E esse por ela parece já ter vício
Não param os pensamentos
Nem por um momento
Os olhos inchados
Por olheiras contornados
Só refletem o desespero
De alguém que noites e dias inteiros
Desconhece o profundo sono
Agonizando a alma sofre
Em luta inglória
Debatendo-se na escuridão
Corpo em comichão
Muda a cada segundo de posição
Lençóis desarrumados
Da cama arrancados
Nesse movimento incessante
Dessa alma delirante
E como noutras noites
A tortura não finda
Da cama o corpo se levanta
Anda e anda
Tentando se encontrar
Em algum espaço nesse lugar
A loucura grita escandalosa
É seu momento de glória
E para não sucumbir
A janela é enfim
A válvula de escape
Por onde saem os pensamentos
Se misturando pelas ruas com o vento
E o olhar então se fixa
No céu, na estrela que mais brilha
No peito um desejo
De que na chegada da manhã
Tudo se esvaía
Voe nas asas
Desse vento que a pele toca
Com mãos gélidas e grossas
Como as mãos de uma pessoa morta
Fazendo o corpo tremer
E um imenso frio o percorrer
As horas passam vagarosas
Nem há nada para se ver
Todo barulho ouvido
Vem dos burburinhos
Que remexem como redemoinhos
As lembranças do passado
Fazendo o peito mais machucado
Depois de longas horas
De tantas lágrimas derramadas
Assim, do nada
Uma gota de sono
Tomo o corpo como dono
E na cama esticado
Já entre lençóis deitado
O corpo cansado
Outra vez pelo sono é abandonado
A luz, aos pouquinhos, vai tomando o lugar
E o corpo fatigado
Se põe a levantar
Outro dia inicia
Sem dormir
Sem descansar
Olhando a sua volta
Só silêncio há