Insônia

A insônia costumeira já dá o seus indícios

Nas horas que passam

Mesmo tendo o corpo cansado

E esse por ela parece já ter vício

Não param os pensamentos

Nem por um momento

Os olhos inchados

Por olheiras contornados

Só refletem o desespero

De alguém que noites e dias inteiros

Desconhece o profundo sono

Agonizando a alma sofre

Em luta inglória

Debatendo-se na escuridão

Corpo em comichão

Muda a cada segundo de posição

Lençóis desarrumados

Da cama arrancados

Nesse movimento incessante

Dessa alma delirante

E como noutras noites

A tortura não finda

Da cama o corpo se levanta

Anda e anda

Tentando se encontrar

Em algum espaço nesse lugar

A loucura grita escandalosa

É seu momento de glória

E para não sucumbir

A janela é enfim

A válvula de escape

Por onde saem os pensamentos

Se misturando pelas ruas com o vento

E o olhar então se fixa

No céu, na estrela que mais brilha

No peito um desejo

De que na chegada da manhã

Tudo se esvaía

Voe nas asas

Desse vento que a pele toca

Com mãos gélidas e grossas

Como as mãos de uma pessoa morta

Fazendo o corpo tremer

E um imenso frio o percorrer

As horas passam vagarosas

Nem há nada para se ver

Todo barulho ouvido

Vem dos burburinhos

Que remexem como redemoinhos

As lembranças do passado

Fazendo o peito mais machucado

Depois de longas horas

De tantas lágrimas derramadas

Assim, do nada

Uma gota de sono

Tomo o corpo como dono

E na cama esticado

Já entre lençóis deitado

O corpo cansado

Outra vez pelo sono é abandonado

A luz, aos pouquinhos, vai tomando o lugar

E o corpo fatigado

Se põe a levantar

Outro dia inicia

Sem dormir

Sem descansar

Olhando a sua volta

Só silêncio há

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 11/04/2024
Reeditado em 11/04/2024
Código do texto: T8039708
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