Chuva em mim
Ouço trovoadas ao longe
Um tempo pesado está formado
Desde que você foi embora
Eu fiquei na chuva, parada
Perdida, sem uma estrada
Vendo sua imagem se apagando
Nos novos caminhos que foi andando
Eu gritei e implorei
Mas você não me ouviu
E se ouviu não se importou, continuou
Chove sem parar e não consigo me secar
Enxurradas de lembranças
Trovoadas de desesperança
A luz que rompe as trevas
São raios da dor que corta cega
Meu peito que sangra
Ouço as trovoadas e sua voz se perde no nada
De tudo que ficou desse tempo
Não passa de um momento de sereno
Gotículas acumuladas nos cabelos desarrumados
Que findam no estrondo que faz tudo tremer
Fazendo-me cerrar os olhos para não ver
Sua imagem no horizonte se perder
Enquanto grossos pingos molham todo corpo
Escorrendo suas águas, desmanchando minha alma
Apagando o meu ser
Já me desfiz, me dissolvi
Tudo que havia em mim escorreu
Desceu junto com as águas
Esse ser que já nem vê
Não é o mesmo ser
Nem mesmo se pode dizer
Ser eu um ser
Sou criatura
Uma reles figura
Que nas águas desfigurada
Desceu com as águas
Escorreu