Chuva em mim

Ouço trovoadas ao longe

Um tempo pesado está formado

Desde que você foi embora

Eu fiquei na chuva, parada

Perdida, sem uma estrada

Vendo sua imagem se apagando

Nos novos caminhos que foi andando

Eu gritei e implorei

Mas você não me ouviu

E se ouviu não se importou, continuou

Chove sem parar e não consigo me secar

Enxurradas de lembranças

Trovoadas de desesperança

A luz que rompe as trevas

São raios da dor que corta cega

Meu peito que sangra

Ouço as trovoadas e sua voz se perde no nada

De tudo que ficou desse tempo

Não passa de um momento de sereno

Gotículas acumuladas nos cabelos desarrumados

Que findam no estrondo que faz tudo tremer

Fazendo-me cerrar os olhos para não ver

Sua imagem no horizonte se perder

Enquanto grossos pingos molham todo corpo

Escorrendo suas águas, desmanchando minha alma

Apagando o meu ser

Já me desfiz, me dissolvi

Tudo que havia em mim escorreu

Desceu junto com as águas

Esse ser que já nem vê

Não é o mesmo ser

Nem mesmo se pode dizer

Ser eu um ser

Sou criatura

Uma reles figura

Que nas águas desfigurada

Desceu com as águas

Escorreu

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 10/04/2024
Código do texto: T8038973
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