Eternamente dois

E se a mim fiz crer

Que sendo amor

Tudo podia vencer

Depois do desterro

De viver o pesadelo

Noutra sentença vi-me desfazer

E o velho sonho

De sair do abandono

Voltou a me pertencer

Creio-me insana

Dentre a loucura desse viver

Ilusões com que me alimento

Insanidade de um sentimento

Que devaneios me faz ter

De a mim ser possível

Amar e amada ser

E sobrevivo por esse anelo

Nutro em meu abandono

Feito um cão sem dono

Com tanto ardor

Este venerado sonho

E nessa manhã

Ao deparar-me com minha vida

Vi por terra cair

A loucura que me trouxe aqui

Acariciei por tanto tempo

Meu delírio ardente

Que cri veementemente

Não ser apenas sonho

E foram dias e noites

Vivendo nesse devaneio

Onde a ausência

Era tão somente

Um tempo de encontro

De dois seres livres do abandono

Eram doces noites de desvelo!

E aos céus, todos os dias, enviava meu apelo:

Ser amada por ti,

Ter de ti teu alento

Ter teu hálito no meu rosto

Teus olhos a mirar-me

Ter o teu olhar

Podendo meus sentimentos enxergar

Sentir o teu calor abrasador

Meu corpo queimar

Ouvir teu coração

Ter vida nessa vida

Sentir em mim tu’alma

Viver tão puro e celeste sentimento

Sermos como dois mansos rios

Que por leitos diferentes

Seguiram seus caminhos

Até que juntos perderem-se no oceano

Ter meus lábios em teus lábios

E em insano delírio

Deixar de ser um cão sem dono

Nesse infindo oceano

Unidos com um

Termos nossas almas

E ser esse nosso alento

E à mim você seria

Um anjo de felicidade

Haveria tão somente

Uma única verdade

Seríamos para o amor amantes, amados!

Mas foi apenas um sonho

Terminou ao Sol nascer

Restaram as lágrimas

E a cruel realidade

Não existe amor

Cuja força tudo rompa

Foi apenas minha loucura

A insanidade de quem vive à procura

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 04/04/2024
Código do texto: T8034935
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