Palavras derramadas

Dê-me licença

Não me passe repreendas

Preciso das palavras

Desse jeito arrumadas

Para dar-me alívio

Revelar os meus medos

Expor meu íntimo segredo

Sem pudor ou covardia

Esse é meu bálsamo a cada fim de dia

Dê-me então licença

Derramarei com cada letra

Tudo que em meu peito grita

Dentre tudo o que mais sinto

Nada se compara ao quanto amo

E não é nenhum engano

Cada ser bem no fundo

Tudo que deseja desse mundo

É que cedo ou tarde os laços da ternura

Tomem o coração

E foge toda razão

É um doce atrativo

Ser de formosura

Que encanta,

Que seduz

Que persuade

E tudo fica meio fora da sanidade

Enleia-se por gosto a liberdade

E no peito o amor tudo assume

A paixão n’alma se apura

E no não correspondido

Alguns denominam de desventura

No contrário, no amor que se troca

Dão o nome de pura felicidade

Enquanto uns se abismam nas lôbregas tristezas

Outros se deleitam em suaves júbilos

Com mil sonhos na mente

Como luzes na estrada acesas

E entre as possibilidades

O amor cresce ou desfalece

Pára ou corre

Vive ou morre

E diante do que acontece

Porfia

Esquece

Vive

Morre

Mas há ainda o amor que fica

Em uma alma bendita

Sem destino

Solitário

Triste na alegria

De saber que existe

E com o tempo corre

Não morre

Aprende a se guardar

E em palavras se derramar

Enquanto um tímido sorriso

Pelas lágrimas é engolido

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 03/04/2024
Reeditado em 03/04/2024
Código do texto: T8034161
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