Palavras derramadas
Dê-me licença
Não me passe repreendas
Preciso das palavras
Desse jeito arrumadas
Para dar-me alívio
Revelar os meus medos
Expor meu íntimo segredo
Sem pudor ou covardia
Esse é meu bálsamo a cada fim de dia
Dê-me então licença
Derramarei com cada letra
Tudo que em meu peito grita
Dentre tudo o que mais sinto
Nada se compara ao quanto amo
E não é nenhum engano
Cada ser bem no fundo
Tudo que deseja desse mundo
É que cedo ou tarde os laços da ternura
Tomem o coração
E foge toda razão
É um doce atrativo
Ser de formosura
Que encanta,
Que seduz
Que persuade
E tudo fica meio fora da sanidade
Enleia-se por gosto a liberdade
E no peito o amor tudo assume
A paixão n’alma se apura
E no não correspondido
Alguns denominam de desventura
No contrário, no amor que se troca
Dão o nome de pura felicidade
Enquanto uns se abismam nas lôbregas tristezas
Outros se deleitam em suaves júbilos
Com mil sonhos na mente
Como luzes na estrada acesas
E entre as possibilidades
O amor cresce ou desfalece
Pára ou corre
Vive ou morre
E diante do que acontece
Porfia
Esquece
Vive
Morre
Mas há ainda o amor que fica
Em uma alma bendita
Sem destino
Solitário
Triste na alegria
De saber que existe
E com o tempo corre
Não morre
Aprende a se guardar
E em palavras se derramar
Enquanto um tímido sorriso
Pelas lágrimas é engolido