Singular sentimento
Entre terras e infindas águas
O tesouro mais precioso
É por todos buscado
Dão-lhe um nome singular
O definem sem pestanejar
Como algo tão sublime
Que mesmo diante do problema mais íngrime
Nada o faz se abalar
Versos o tratam com peculiaridade
Descrevem sua força
Dizendo que nada o faz de rumo mudar
E durante algum tempo
Eu me vi acreditar
Mas hoje sei não ser possível
Nada o afetar
E aos que me perguntam
No que acredito, digo:
No que a vida me faz enxergar
Que amor sigo?
O que busco?
Que enleo é este vão na fantasia?
O que vivi?
O que perdi?
Alguém um dia me quis?
Contra quem é minha guerra?
Foi só encantamento?
Foi desejo?
Ou foi o encantamento que me trouxe o desejo?
Em qual sombra se escondeu minha alegria?
Me ceguei no que não vi?
Ou vi o que me cegou?
Foi tudo só loucura?
À sua medida fez-se o pensamento
Uma estranha formosura
Quase assemelhou-se ao divino
Sombra ou figura?
Verdadeiro é meu tormento
Enquanto jaz minha figura
E minha mente se faz maré
Por espuma penetrada
Em meu peito amor constante
Me abraça essa espuma
Prenda de um amor
Arrepio de dor
Forte maré de saudades aparece
Joga-me contra as pedras
Nelas escorrem ácidas lágrimas
Corroem a esperança
Deterioram às lembranças
E de todo amor antes descrito
Nas trevas se faz infinito
Como os ventos alucinados
Que por breve tempo se disfarçam
Mas se insiste na pergunta
Feche os olhos
Que te mostro
Tudo que hoje sinto
Sinta!
Toque nesse mar
Toque nessas ondas
Um ir e vir
Um vir e ir
Sem nunca parar