TEMPESTIVO
Hei de perceber
teu silêncio,
um laivo que seja,
para compreender
o sabor que o tempo
conserva
no fruto imberbe,
enquanto
não se consuma
a circunferência
do ponteiro.
Cultivar-me
em necessárias esperas,
conhecendo
a liturgia da semente
e suas sábias desabrochaduras.
Conjugar
a paciência
para que a azáfama
não seja uma rima...
uma penitência.
Descarnar a polpa
na medida exata
do cerne,
no que
concerne
a hora certa do porvir.
Haverá um tempo,
lápide do desejo,
que será preciso
hibernar,
talvez morrer,
para ressuscitar em ti.