Rubra terra
Envolta em pensamentos
Perdida nesse tempo
Olhando para a vida
Observando os momentos
Um vento que atiça
Folhas que dançam
No céu as nuvens
Se movem devagar
Enquanto em vôu, pairando
Uma ave no céu a bailar
A vida continua
Nada fica no mesmo lugar
Só os sentimentos
Insistem em ficar
E nesse tempo de olhar
A vida e tudo que nela há
Dou-me conta da insignificância
Do que somos sem vaidade
Do que nos tornamos
Do pouco pó que somos
Dei-me conta do destino
Estou em um pedaço de caminho
Dei-me conta da fragilidade
Do que não controlamos de verdade
Do que agora sob os pés
No amanhã sobre estará
Um torrão que nessa vida
Tantos fazem mais valer
E eu, contemplativa,
Só queria te ver
E já faz uma eternidade
Sem que nem por piedade
Fez-se por instante, presente
E nessa viagem
Onde a vida vai ficando
Pela janela olhando
Sigo te procurando
Mas sigo
Sem queixa
Só cansaço
Pois já se mostra
Essa estrada tão alheia
Com aspecto de morta
Tudo fez-se só sonho
E tudo mais já me é enfadonho
Sinto que pisas
Nas terras rubras
Derramando o quente sangue
Sem qualquer piedade
Espero que ao menos cubra
Com doces palavras esse corpo
Crie assim um leve manto
Onde possa eternamente
Repousar em descanso