Para além
Para além da distância física
Quando duas almas se separam
A maior distância sentida
Só pode ser medida
Pela impossibilidade do abraço
Só pode ser descrita
Pela dor da saudade
Que a tudo por dentro invade
Passos cambaleantes
Não encontram o rumo
Perderam a direção
São frias as mãos
Toda paisagem
As cores perdem
Há uma névoa
Que as vistas cegam
As palavras o sentido mudam
Falar do que se sente
Quase se torna um crime
Pois as palavras não se entende
Se buscar a rima
O poema fica parado
A tinta não fixa
O papel parece impermeável
Fica tudo guardado
À espera de que o tempo
Mude com o próximo vento
E noutra estação
Hajam flores, amor no coração
E que o vento leve o meu perfume
Teus cabelos desarrume
Te faça lembrar então
Aqui onde te escrevo
há um poema parado
Por sermos almas vivendo separadas
As palavras não ditas
São prantos em minha vida
E se um dia
Em uma memória por mim sentida
Te fizer querer saber de mim
E não souberes onde me encontrar
Me procure onde me deixou
Na saudade que tua ausência causou