CONTEMPLAÇÕES

E tantas vezes

debruças-te no colo

da noite pálida,

que pensei

ser substância

opaca do meu

fugídio olhar.

Estavas em algum lugar

da penumbra esquálida,

e porque eras única,

indivisível,

infinitesimal,

dei a furtar pedaços do infinito

para de ti me aproximar.

Olhavas, famélica,

a bruma que o mar

oferecia à tua face.

Sonhava com teus olhos,

no espelho que guardava

junto ao luar.

A madrugada vinha

engatinhando,

engatilhando seus véus,

um disparo de estrelas,

estampido na luz

uterina que ainda havia de nascer.

Diante do tudo,

do bulício do teu corpo,

o nada protagonizava

meu silêncio,

inerte,

estático

arrebatador...

Nesse instante,

percebi

a escuridão inquieta,

a natureza das

notívagas paixões

e tudo o mais

que a

recusa da claridade

devassava do

negror das minhas contemplações.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 25/03/2024
Código do texto: T8027788
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