CONTEMPLAÇÕES
E tantas vezes
debruças-te no colo
da noite pálida,
que pensei
ser substância
opaca do meu
fugídio olhar.
Estavas em algum lugar
da penumbra esquálida,
e porque eras única,
indivisível,
infinitesimal,
dei a furtar pedaços do infinito
para de ti me aproximar.
Olhavas, famélica,
a bruma que o mar
oferecia à tua face.
Sonhava com teus olhos,
no espelho que guardava
junto ao luar.
A madrugada vinha
engatinhando,
engatilhando seus véus,
um disparo de estrelas,
estampido na luz
uterina que ainda havia de nascer.
Diante do tudo,
do bulício do teu corpo,
o nada protagonizava
meu silêncio,
inerte,
estático
arrebatador...
Nesse instante,
percebi
a escuridão inquieta,
a natureza das
notívagas paixões
e tudo o mais
que a
recusa da claridade
devassava do
negror das minhas contemplações.