Perdão
Máquinas
Agulhas
Frascos
Líquidos
Um som bem específico
Um ruidoso silêncio
Uma mente inquieta
Olhos úmidos
Havidos pelo mundo
Coração que deseja
Só um pouco do que te seja
Medido por um relógio
No tic-tac que leva o que se almeja
Barulhos entre passos
Que levam pela madrugada
Bandejas cheias
Entre toda dor que toma as veias
Palavras e mais palavras
Tantas coisas abandonadas
Sem que a voz se faça forte
Se lance nos braços do vento norte
E contando com a sorte
Cheguem aos teus ouvidos
Suaves como zunidos
E dirão tudo que precisa ser dito
Nesse sopro, sua atenção
Se prenderia à esse som
E te diria tudo que por covardia
Deixei que se guardasse
E não chegasse à você
Entre as tantas coisas
Te revelaria
Os medos de não viver
Os sonhos que sonhei com você
A forma como eu me via
A dor das palavras frias
De não me querer
Também te diria
Que de tudo me arrependia
E perdão te pediria
Mesmo que nesse dia
Eu soubesse que não adiantaria
Mas nesse lugar
Não há vento
Todo ar entre as paredes está
Nenhuma folha sai do lugar
Menos ainda alguma coisa irá voar
Nesse espaço de vida sem vida
De vidas sofridas
Vejo a vida
Entre feridas
Perder a vida
E se não posso enviar
Palavras para voarem
Prendo-as nessas linhas
Costurando-as com fios de sangue
Aproveitando esse instante
Para deixá-las vivas
Mesmo perdendo a vida
Para que te sequem as feridas
No que te traduzirão
Quando um dia sem razão
As leia e sinta
Que das palavras de amor te ditas
Foram as minhas
As pela sinceridade ungidas
E saberá que o amor te dito
Foi o amor mais bonito
Um amor como nunca antes havido
E se não foi vivido
Meu maior motivo
O único que faz um pouco de sentido
Foi o medo nascido
No abandono vivido
Mas não se preocupe
Não agonie seu coração
Tudo foi minha culpa
Não por ter tido intenção
Mas, se puder, uma dia
Me dê o seu perdão
Onde eu estiver nesse dia
Te sentirei no meu coração