Tempo de muitas coisas
Um tempo perdido
Entre o que na memória vive
E tudo que era para ser esquecido
Perguntas que nunca te fiz
Respostas que nunca me deste
Entre esse tempo
E o tempo que não vivi
Se faz a saudade
Em tudo que nunca fiz
No desejo de ser feliz
Os cuidados que tive
E o que em mim guardei
Naquilo que em ti busquei
Nas ilusões que inventei
Ali mora o desejo
De que tudo fosse diferente
Que esse tempo
Não fosse o tempo do ausente
Nos sonhos que sonhei
Em tudo que planejei
Aventuras que desejei
Em nenhum tempo realizei
Vives tu
No eterno tempo
Estéreo momento
Vives nesse tempo
Vives na microscópica parte
Que a mim forma
Vives na minha pele
Vives sob a derme
Compõe-me enquanto ser
Vives em mim você
És-me nada
És-me tudo
És-me tanto
E tão pouco
Se não compreendes
Não me peça explicação
Não há palavras suficientes
Para descrever-te em palavras
Como explicar-te o que sinto
Como dizer-te que só hoje
Entre tanto e nada
Vi-te mil vezes
Mesmo com a porta fechada?
Como descrever-te que só hoje
Ouvi-te mil vezes
Mesmo no silêncio do meu mundo?
Como fazer-te entender
Que sonhei contigo hoje
Ontem
E todos os dias anteriores?
Como deixar-te esclarecido
Que mesmo sem estar comigo
Continuas aqui?
E sem que chegue aos teus ouvidos
Grito
Solto os meus gemidos
Chamo por ti
Só hoje disse o teu nome
Tantas vezes quanto a dor que me consome
E consciente de tudo, sei que não estás aqui
E que não haverá o tempo de vir
Sigo todos os dias
Com a alma encantada
Mesmo não tendo de ti nada
Basta a mim saber que tu
Andas pelo mundo a sorrir
E te esperar
É apenas um ato do sonhar
Sonhos que sei bem
Nunca irão se realizar
Esse é o real tempo
Um tempo cheio de sentimentos
Ausente de lamentos
Possuidor de infindável dor
Mas ainda mais cheio do infinito amor