SIMPLES E BELO É O POEMA QUE QUERO

Crítica Literária

(Sobre certa poesia Angolana)

Simples e belo é o poema que quero —

Poema que se diz 'difícil' nestas latitudes

Não passa duma fachada

Disfarçando a falta de talento

Sob pretexto de 'refinado'

Simples e profundo é o poema que desejo

Sem se afogar no abstrato balbucio

Nem no elitismo absurdo

Da vossa insana ilusão

Simples e jeitoso é o poema que anseio

Uma dádiva original (isenta de vaidades)

Em línguas nativas à boa tradução

Para toda a gente de todas as gerações

Poema raro vestido de verde, de amor

Liberdade e demais afazeres da vida comum

Que fazem sentir, reflectir e sonhar

Sem artifícios nem empecilhos

Simples e rico é o poema que almejo —

Poema rotulado como 'difícil' neste lugar

É pretensiosa bagatela tão só

Encobrindo vossa incompetência

Sob o manto de 'sofisticado'

(Estou farto de palhaçadas)

É simples e belo o poema que quero

Aqueloutros de metáforas mal construídas

Dedicai aos tolos, que cegos e sem freios

IDOLATRAM SUCATAS E SUCATEIROS.

Redigido em Kimbundu.

Tradução portuguesa do autor.