Amor sem fim
Há tantos medos reprimidos
Pelos gritos contidos
Em um silêncio confuso
Medos vindos da infância
Para alguns, sem tolerância
Medos chamados de imaturos
Mas só quem foi deixado no escuro
Em um abandono absurdo
Sabe o que por dentro se sente
Outro…não compreende
Mas disseste que tinha que ir embora
Que a vida seguia lá fora
E eu naquela hora
Te pedia para segurar a minha mão
Te implorava por tua atenção
E saíste sem levar contigo
Todo sentimento que estava comigo
E depois de tantas dores
Fechei a porta
Dei-te as costas
Na ilusão insana
De que em algumas semanas
Tu em mim se apagarias
Passaram-se dias
Foram-se as semanas
Completou-se um ano
E outros tempos foram se completando
E tu foste
Mas deixaste aqui
Tua presença que não quis ir
E ainda hoje
Em cada canto
Estás aqui
Há tantas feridas
Feridas que não se curam
E a dor rasga o peito
Uma dor que nada dá jeito
Mentiu quem disse
Que o tempo tudo cura
Na realidade o que chega é a loucura
O tempo passa mais devagar
Arrasta essa dor que está a me matar
Mas o que importa?
Há ninguém incomoda
Sou inexistente
Por mim nada sente
Fecho os olhos, tentando apagar
Da minha memória tudo que me faz de ti lembrar
Inútil tentativa que finda comigo a chorar
Olho para o céu
O olhar vaga pelo espaço
É tudo sem laço
Eu só queria um abraço
Finda outro dia
Tudo é cinza
Uma frágil luz irradia
No final do corredor
E anuncia
A chegada de mais dor
O peito ainda sangra
A boca guarda tudo
O olhar continua perdido
Os ouvidos feridos
Na loucura noturna
O travesseiro encharco
A febre o corpo toma
Tudo adoece
Uma oração a mente tece
É uma prece
Não uma que somente pede
Mas que agradece
Pelo amor ter conhecido
Mesmo sem o ter vivido
E o único pedido
Se faz no sentido
De findar comigo
Esse amor que ainda sinto
E assim no infinito
Entre verdes e tudo que lá tem
Olharei por ti
E mais ninguém
Sem mais lágrimas
Sem dor também
Feliz por te amar
E poder te olhar
E sem sentir
O tempo passar