NÃO ADIANTA FUGIRMOS
NÃO ADIANTA FUGIRMOS
O mundo só muda em milhões de anos,
Mas nossa existência é tão pequena,
Por isso os odus nos regem os planos,
E não adianta fugir desse esquema.
Está tudo escrito, como o ano solar,
Que também está escrito na galáxia,
E o giro nos traz o vento e o mar,
Além de dizer onde tudo se encaixa.
O télos seria o destino e o final,
Mas tudo na vida tem nossas ações,
E as pegadas me dizem qual animal,
Eu fui ou serei e quais as razões.
Não adianta fugirmos do destino,
Mas devemos ser zeladores da casca,
Pois ela não muda depois de meninos,
E o resto é segredo quando se caça.
Somos a energia que vem com mistério,
Pois tudo são átomos com um propósito,
Que faz o seu giro de modo tão sério,
Mas tem seu porquê, além de depósito.
Quem pensa estar só não viu a aldeia,
Nem imagina gozar sem causa e porquê,
Pois o acordar é sair de uma cadeia,
Que o sono profundo não vai nos dizer.
Criaram no mundo versões para crer,
Mas só o Universo tem esse segredo,
Pois tudo é perfeito e pede viver,
Se até pra morrer o vivo tem medo.
Nunca deveríamos nos achar eternos,
Ao menos nos corpos sujeitos à dor,
Enquanto nós somos podres adernos,
Em cada floresta sem mãe e doutor.
Nos adernos se criam cogumelos,
Enquanto na lama temos caranguejos,
Porque não vejo tubarões martelos,
Naquele riacho de leite e queijo.