Desaguar da alma
Poças d'água enlamaçadas,
Mar revolto, ondas agitadas.
Algo parado na encruzilhada,
Adentro o nada.
Tudo está estranho,
Quase duas dimensões distintas.
Não sou mais aquela,
Nem ainda tornei-me outra.
Estou no vácuo,
Relembrando o que foi,
Reencontrando quem fui,
Me despedindo de mim, enfim.
Enquanto olho para frente
E vejo quem estou,
Me apresento à ela,
Falta um salto para me integrar
No vir-a-ser quem sou.
Coloco a atenção,
Toda a minha dedicação.
Trabalho em algo que não sei o que é,
Só faço o que sinto,
Compreendo depois.
Todo o processo parece confuso
Para a mente que busca entender.
Não consegue, deseja o familiar,
Mas meu coração sabe o caminho
E segue fazendo o que quer.
De olhos fechados, ouvidos atentos
Aos sinais sutis da natureza
Que me presenteia.
Eu quase recuso por influência
Dos velhos padrões que continuam
A me assombrar e aprisionar.
Mantenho-me atenta, fazendo o contrário
Do que a minha mente quer me fazer acreditar.
Ela mente, quer me enganar,
Manter-me acorrentada nos velhos lugares,
Para não ter que encarar o desconhecido,
Os riscos envolvidos,
Tudo aquilo que não foi definido.
Não se pode controlar.
Preciso encontrar um equilíbrio
Entre confiar e me proteger,
Para não me desviar de quem quero ser.
Em busca do equilíbrio,
Encontro a exaustão.
Me deito e descanso no chão,
Corre uma emoção.
Me entrego, solto,
Deixo a cachoeira desaguar,
Por mim.
Lágrimas mágicas a minh'alma purificar,
Curar traumas que me impedem de me lançar,
E traçar um novo destino.