Desaguar da alma

Poças d'água enlamaçadas,

Mar revolto, ondas agitadas.

Algo parado na encruzilhada,

Adentro o nada.

Tudo está estranho,

Quase duas dimensões distintas.

Não sou mais aquela,

Nem ainda tornei-me outra.

Estou no vácuo,

Relembrando o que foi,

Reencontrando quem fui,

Me despedindo de mim, enfim.

Enquanto olho para frente

E vejo quem estou,

Me apresento à ela,

Falta um salto para me integrar

No vir-a-ser quem sou.

Coloco a atenção,

Toda a minha dedicação.

Trabalho em algo que não sei o que é,

Só faço o que sinto,

Compreendo depois.

Todo o processo parece confuso

Para a mente que busca entender.

Não consegue, deseja o familiar,

Mas meu coração sabe o caminho

E segue fazendo o que quer.

De olhos fechados, ouvidos atentos

Aos sinais sutis da natureza

Que me presenteia.

Eu quase recuso por influência

Dos velhos padrões que continuam

A me assombrar e aprisionar.

Mantenho-me atenta, fazendo o contrário

Do que a minha mente quer me fazer acreditar.

Ela mente, quer me enganar,

Manter-me acorrentada nos velhos lugares,

Para não ter que encarar o desconhecido,

Os riscos envolvidos,

Tudo aquilo que não foi definido.

Não se pode controlar.

Preciso encontrar um equilíbrio

Entre confiar e me proteger,

Para não me desviar de quem quero ser.

Em busca do equilíbrio,

Encontro a exaustão.

Me deito e descanso no chão,

Corre uma emoção.

Me entrego, solto,

Deixo a cachoeira desaguar,

Por mim.

Lágrimas mágicas a minh'alma purificar,

Curar traumas que me impedem de me lançar,

E traçar um novo destino.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 14/03/2024
Reeditado em 19/04/2024
Código do texto: T8020007
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