Pela janela

Fez-se outro dia

Outra noite terminou

Repouso o olhar na luz que erradia

Secando a lágrima que rolou

Janela ainda fechada

Respiração ofegante

Outro dia, outra jornada

Sem a espera do amor de antes

Luz que pela fresta

Traz esse novo dia

Mas não faz festa

Por não crer que o amor irradia

Quisera dizer-lhe que hoje é diferente

Que essa luz anuncia

Que os problemas de antes

Morreram no raiar desse dia

Mas bem sei ser apenas uma fantasia

Morrem as noites

Nascem outros dias

E a dor é meu açoite

Ouça, sem titubear

As palavras que irei falar

Guarde-as sem pensar

Pois tudo quero mostrar

Abra a janela

Deixe as antigas memórias

Pois são através delas

Que estão toda história

Escancara a porta

Adentre através dela

Antes que se faça morta

A esperança presente nelas

Permita-se sentir

A saudade do meu existir

Não digas palavras

Que não posso mais ouvir

Não me negue as promessas

Outrora afirmadas

Retome-as bem depressa

Pois não farei-me de rogada

Mas de novo me encerras

E antes que o dia se encerre

Volto a deitar-me como sob a terra

Com o corpo queimando em febre

Volto a ser rio

Em revoltas águas

Águas desse tempo frio

Coração cheio de mágoas

No fim

E por fim

Quando o dia chega ao fim

Só saudade há em mim

Fecho outra vez a janela

O breu meu corpo vela

A lágrima tudo sela

O coração no peito se quebra

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 06/03/2024
Código do texto: T8014144
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