O vermelho e o negro. I.
ᅟᅟᅟEssa sombra sorrateira,
ᅟᅟᅟQue vive sempre a espreita,
ᅟᅟᅟé coisa mínima, ciosa e traiçoeira.
ᅟᅟᅟQuando se esvai a luz, é lá que ela aflora;
ᅟᅟᅟ“Parece-me”, ele diz, “que é fado a carregar”,
ᅟᅟᅟPois não importa aonde se vá, lá ela estará.
ᅟᅟᅟ
ᅟᅟᅟSe brilha a luz, ela se encolhe
ᅟᅟᅟna silhueta que a detém,
ᅟᅟᅟSe dorme a luz, ela se abranda
ᅟᅟᅟdevorando a alma que a retém.
ᅟᅟᅟ
ᅟᅟᅟMas há uma chama vermelha,
ᅟᅟᅟQue tinge de rubro esta assombrosa escuridão,
ᅟᅟᅟUm chamejar Escarlate,
ᅟᅟᅟQue furta do negro a vasta solidão.
Siegfried, O Bardo.