NA URBE, NO CAMPO
NA URBE, NO CAMPO
Quero a chuva de volta ao sertão,
Para plantar o que eu quiser,
E não promovo queimada no verão,
Pois não quero um solo qualquer.
Tenho a palma, o umbu e o juá,
Mas também aroeira e pau-ferro,
Como a mangaba ou o maracujá,
Que eu planto até no inverno.
Assim que posso, vou à cisterna,
E junto a bica pra chuva reter,
E semeio com técnicas modernas,
Para produzir o que vou comer.
Vou plantar feijão e macaxeira,
Mas junto da casa farei o pomar,
Perto da água terei forrageira,
Para vaquinha que vou ordenhar.
Se puder, vou criar boas cabras,
E montar um poleiro mesclado,
Pois eu quero cocás e patas,
Com codornas e galinhas ao lado.
Se der jeito, vou ter um açude,
Pra criar o peixe e o camarão,
E ter uma pocilga que me acode,
Com o esterco que aduba o chão.
Na casa, quero fogão de lenha,
E um forno em que faça os pães,
E a varanda com rede e senha,
Pra falar com minhas conexões.
Vou partir para esse cantinho,
Tão logo a saúde me permita,
Pois a rosa na urbe é espinho,
Mas no campo a rosa é bendita.