Vejo almas

Vejo almas correndo,

vagando em inquieto fervor

sobre estradas de lama e poeira,

tentando compreender

"afinal, por que somos

um fractal do eterno?

Por que vivemos nesta vontade

que só quer mais vida?"

A moça entende-se assim,

olhando o prado

com cabelo nos olhos

de vento alvorada.

Ela vê seu labor e tão ânimo

e pensa que tudo vive

do que dá, e canta.

Vejo almas que despencam

por sobre o mundo,

repetidas e outras vezes,

e nunca se cansam

de tal ontológica queda.

Este fervor que domina nossas pernas

e quer sempre uma vida sempre nova,

é devido sermos um ponto no qual aflorou o eterno,

e por isso o absoluto sentido,

que é nossa casa mesma,

nos guia desde dentro.