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Fato é que há no mundo uma forma e, no seu mover, uma cantiga, de uma profundidade que salta aos olhos. É claro,
“o que a Deus é justo e evidente
parece injusto aos homens e profundo”
mas não somos Deus nem anjos; tampouco, por hora, vemos a face do Verbo, onde tudo fala, ou melhor, grita a rasgar as cordas. Não! Não possuímos o eterno, pois se foi há doismilanos.
Nos restou o presente mundo, cujo porte, mesmo em seus retalhos mais belos, é inda caído. No entanto, é justamente neste mar de lama que buscamos desesperados o fôlego para agarrar os pés de Deus, entre esperneios e deslizes, e lágrimas sem fim. É esta a condição que nos invejam os anjos: termos a natureza que vai de santa a profana num único espasmo, pois o homem é vasto, é vastíssimo.
Vemos o céu infindo pelas janelas lúgubres de um quarto escuro. Chega-nos o brilho celeste das estrelas, mas nossos olhos são míopes. São curtos os nossos dias, insuficiente a nossa fúria.
E a vida caminha em direção ao eterno e, a nosso modo, nos inteiramos dele a cada novo inspiro. Buscamos esta verdade que, parece, já sabemos, só não nos ocorreu a palavra.
Encontrar esta palavra, eis toda minha poesia. Ela há de me vir por meios inexplicáveis, e a vocês revelarei com calma pressa.
Bem vindos, meus caros.