Escuridão

Entre as vielas

Cheias de pedras

Frias e úmidas

Perdi o que era

Incalculável à minha alma

Em descoloridos andrajos

A pele coberta

Enquanto na derme

Expostas as intempéries

A alma encontra-se despida

Louca e perdida

Pés em sangue

A dor mais sentida

Escorre pela garganta

Em viceral sentir

O corpo mal se levanta

Não tem direção para seguir

É tudo escuro

De um breu profundo

A luz se perdeu ali

Tudo converge

Em desprovimento de sutileza

Há somente o que dilacera

Rasga corpo e alma

Lançando ambos à escuridão

Onde as batidas do coração

Marcam o compasso

De insano combate

Entre as emoções

E o congelante frio

Que toma a tudo

E a tudo silencia

Em um mundo cinza

Vazio de companhia

Cheio de sombras

Que passam e anunciam

A morte de qualquer sonho

De qualquer outra paleta

Não permite ela

Que outra cor se perceba

Ilusões perdidas

Tudo que nessa vida

A faria florida

Entre as sombras

Morre também o sorriso

E tudo vai perdendo o sentido

Quisá houvesse um vento

Do Sul viesse ele

Soprando com feroz força

Entre as vielas

E sobre tudo que está nelas

E as sombras tirasse delas

Empurrando as para longe

Trazendo a luz brilhante

E todo amor de antes

Mas nenhuma suave brisa

Vem de qualquer ponto

Entre a escuridão

Vai parando o coração

Derramam-se lágrimas

Enquanto o corpo se esvai pelo chão

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 24/02/2024
Código do texto: T8006491
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